Escolhi guiar-me por meu
coração
Não por meu estômago,
E deixei o pensar para
cabeça
E o sorrir para os olhos
As desconfianças d’alma
trouxe
Para os martelos do ouvido,
Na esperança fugidia de
ouvi-las.
Soa meu coração, soa como
sino
E esquece a hora dos
ponteiros
Desperta o ímpeto que
adormece
Consoante muda a
liqüefazer-se
Entre os lábios suaves da
vagina.
Com um toque áspero e
furtivo
da língua sobre os mamilos.
Instante fecundo a
transbordar
Engendrando filhos e filhas
Escolhi guiar-me por meu
coração
E não por qualquer outro
instinto
Capaz de comandar sozinho
A falange inumerável de
sentidos.
E deixei a razão sobre a
mesa
Coberta de poeira e
pergaminhos
Na esperança de perder-me de
tudo.
Meu deus, meu coração, meu
deus!
E esse amor que me requeima?
Esse desespero vazio que
consome a alma?
Eis o sentimento da chuva
Tocando derradeira o tesouro
da pele
Galope que sobe ladeira
Gente de aboio e tocador de
boiada
Momento infinito do acalanto
Quando o sol se põe no
horizonte da estrada.
Grita coração, grita!
Que já não pode ficar calado
Explode em uníssono som de
desvario,
Urro de primata
Grita coração, grita!
Profere o que o desejo
inflama
Abrasa o que antes dormia
Consome o vazio do tempo
E escande os versos da chuva
Assobia no contratempo do
vento
E prorrompe o dia com
sortilégios
Coração, grita, coração,
grita
Feito escólios de aresta
Incertos, tresloucados
Sem sentido
(Poema de Thiago de Souza Bittencourt Rodrigues)
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